Sobre a origem ontológica do nada em Sartre
DOI:
https://doi.org/10.33837/msj.v1i7.197Palavras-chave:
Nada. Negação. Ser. Sartre. Fenomenologia.Resumo
A proposta desse artigo é entender a concepção sobre a origem do nada, de Sartre, tendo como referência sua discussão com teorias como as de Husserl, Heidegger e Hegel a respeito do problema da relação entre ser e não-ser. Buscar-se-á analisar, portanto, o modo como Sartre radicaliza a noção de intencionalidade para constituir com ela uma prova ontológica da existência do mundo, ao mesmo tempo em que reserva para a consciência o caráter negativo e nadificador próprio do não-ser. Nesta acepção, tentaremos expor a tese de que o debate mais incisivo de Sartre, neste momento, é com Bergson, o qual levanta a questão sobre o estatuto ontológico do nada, mas termina por concluir que tal não passa de um pseudo-problema, já que o ser do mundo é sempre pleno e positivo. Para Bergson, portanto, o não-ser é uma simples palavra, e não faz sentido tomá-lo como objeto de uma investigação filosófica. Veremos como Sartre esforça-se em refutar esta última proposição, baseando-se na descrição fenomenológica das condutas negativas da realidade humana.
Referências
"Não há, no ser assim concebido, o menor esboço de dualidade: é o que queremos exprimir dizendo que a densidade de ser do Em-si é infinita. É o pleno. O princípio de identidade pode ser chamado sintético, não apenas porque limita seu alcance a uma região definida do ser, mas sobretudo porque reúne em si o infinito da densidade. “A é A” significa: A existe sob uma compressão infinita, em uma densidade infinita. A identidade é o conceito-limite da unificação (...) O Em-si é pleno de si mesmo, e não poderíamos imaginar plenitude mais total, adequação mais perfeita do conteúdo ao continente: não há o menor vazio no ser, a menor fissura pela qual pudesse deslizar o nada"
SARTRE, Jean-Paul. L’être et le néant: essai d’ontologie phénoménologique. Paris: Gallimard, 1943, p.110 Nossa tradução.
"Em vão, portanto, se atribuiria à negação a possibilidade de criar ideias sui generis, simétricas das que são criadas pela afirmação e dirigidas em sentido contrário. Dela não pode sair nenhuma ideia, pois o único conteúdo que tem é o do juízo afirmativo que ela julga"
BERGSON, Henry. A Evolução Criadora. Tradução de Adolfo Casais Monteiro. Rio de Janeiro: Opera Mundi, 1971, p. 284.
“l’animation de la hylé par une visée noématique en quête de remplissement”, os “modes spécifiques d’implication intentionnelle qui permettent au sujet d’imposer différents sens à une même matière (...) la dimension de réceptivité sur laquelle s’exerce la noèse dans sa visée du noème”.
COOREBYTER, Vincent de. Sartre face à la Phénoménologie. Bruxelles: Ousia, 2000, ps. 51-53
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