Language and the myth of scientific neutrality: a study of impersonality and clarity in academic researches’ elaboration manuals

Autores

  • Paulo de Tarso Oliveira Centro Universitário Municipal de Franca – Uni-FACEF
  • Maria Eunice Barbosa Vidal Universidade Federal do Triângulo Mineiro

DOI:

https://doi.org/10.33837/msj.v5i2.1554

Palavras-chave:

neutralidade científica; manuais acadêmicos; linguagem impessoal; clareza; pesquisa qualitativa.

Resumo

Resumo. O contexto em que se insere o presente artigo é o da discussão de questões referentes à artificialidade do uso de tratamento impessoal na linguagem dos relatos de pesquisa científica, em especial nas pesquisas qualitativas. Sua questão basilar refere-se a quais papéis podem desempenhar os manuais de elaboração de trabalhos acadêmicos – propostos por instituições universitárias – quanto à comunicação nos relatos científicos. Os aspectos destacados são os da impessoalidade e passividade sugeridas nos manuais acadêmicos e suas implicações quanto à clareza na pesquisa qualitativa. Tendo em vista o contexto atual das tendências dinâmicas na construção do conhecimento, este estudo se justifica, sobretudo, em razão da influência que as recomendações estabelecidas pelas instituições universitárias para a redação de trabalhos científicos exercem na produção dos relatos de pesquisa. Outro aspecto investigado refere-se à linguagem impessoal entendida como forma de manter, nos relatos, a isenção de qualquer influência do sujeito-pesquisador sobre o objeto-pesquisado. O objetivo é descrever e compreender os padrões de utilização desses manuais, no tocante às recomendações de características de linguagem a serem seguidas em termos de adequação às diversas modalidades de pesquisa. Sob um delineamento de pesquisa documental, os dados foram coletados em sites eletrônicos de instituições universitárias diversas, situadas numa região delimitada, abrangendo partes de dois Estados brasileiros. Outros dados coletados referem-se aos textos de normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas, atinentes à elaboração de trabalhos acadêmicos. A análise, com viés interpretativista, foi feita em duas fases: inicialmente, uma exploratória e, posteriormente, numa fase descritiva. O conteúdo dos manuais foi agrupado em seis categorias de análise, conforme as menções de características de linguagem. Os resultados acabaram por revelar os manuais como pouco flexíveis acerca da linguagem acadêmica e, por não esclarecerem termos como clareza, objetividade e legitimidade das vozes ativa e passiva, comprometem uma redação mais clara e atualizada que, em conclusão, pudesse dar a conhecer a presença do pesquisador enquanto gerenciador da informação. Assim, a inflexibilidade sugerida se nos afigura como um sério entrave para construir uma redação compatível com o pensamento atual no que concerne à pesquisa qualitativa.

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Publicado

2022-08-05

Como Citar

Oliveira, P. de T., & Vidal, M. E. B. (2022). Language and the myth of scientific neutrality: a study of impersonality and clarity in academic researches’ elaboration manuals. Multi-Science Journal, 5(2), 7–15. https://doi.org/10.33837/msj.v5i2.1554