Sobre a origem ontológica do nada em Sartre

Authors

DOI:

https://doi.org/10.33837/msj.v1i7.197

Keywords:

Nada. Negação. Ser. Sartre. Fenomenologia.

Abstract

A proposta desse artigo é entender a concepção sobre a origem do nada, de Sartre, tendo como referência sua discussão com teorias como as de Husserl, Heidegger e Hegel a respeito do problema da relação entre ser e não-ser. Buscar-se-á analisar, portanto, o modo como Sartre radicaliza a noção de intencionalidade para constituir com ela uma prova ontológica da existência do mundo, ao mesmo tempo em que reserva para a consciência o caráter negativo e nadificador próprio do não-ser. Nesta acepção, tentaremos expor a tese de que o debate mais incisivo de Sartre, neste momento, é com Bergson, o qual levanta a questão sobre o estatuto ontológico do nada, mas termina por concluir que tal não passa de um pseudo-problema, já que o ser do mundo é sempre pleno e positivo. Para Bergson, portanto, o não-ser é uma simples palavra, e não faz sentido tomá-lo como objeto de uma investigação filosófica. Veremos como Sartre esforça-se em refutar esta última proposição, baseando-se na descrição fenomenológica das condutas negativas da realidade humana.   

Author Biography

Marcelo Rosa Vieira, Universidade Federal de Uberlândia

Licenciado em Pedagogia, 2012, Universidade Federal de Juiz de Fora

Mestrando em Filosofia, Universidade Federal de Uberlândia

References

"Não há, no ser assim concebido, o menor esboço de dualidade: é o que queremos exprimir dizendo que a densidade de ser do Em-si é infinita. É o pleno. O princípio de identidade pode ser chamado sintético, não apenas porque limita seu alcance a uma região definida do ser, mas sobretudo porque reúne em si o infinito da densidade. “A é A” significa: A existe sob uma compressão infinita, em uma densidade infinita. A identidade é o conceito-limite da unificação (...) O Em-si é pleno de si mesmo, e não poderíamos imaginar plenitude mais total, adequação mais perfeita do conteúdo ao continente: não há o menor vazio no ser, a menor fissura pela qual pudesse deslizar o nada"

SARTRE, Jean-Paul. L’être et le néant: essai d’ontologie phénoménologique. Paris: Gallimard, 1943, p.110 Nossa tradução.

"Em vão, portanto, se atribuiria à negação a possibilidade de criar ideias sui generis, simétricas das que são criadas pela afirmação e dirigidas em sentido contrário. Dela não pode sair nenhuma ideia, pois o único conteúdo que tem é o do juízo afirmativo que ela julga"

BERGSON, Henry. A Evolução Criadora. Tradução de Adolfo Casais Monteiro. Rio de Janeiro: Opera Mundi, 1971, p. 284.

“l’animation de la hylé par une visée noématique en quête de remplissement”, os “modes spécifiques d’implication intentionnelle qui permettent au sujet d’imposer différents sens à une même matière (...) la dimension de réceptivité sur laquelle s’exerce la noèse dans sa visée du noème”.

COOREBYTER, Vincent de. Sartre face à la Phénoménologie. Bruxelles: Ousia, 2000, ps. 51-53

Published

2018-03-18

How to Cite

Vieira, M. R. (2018). Sobre a origem ontológica do nada em Sartre. Multi-Science Journal, 1(7), 50–63. https://doi.org/10.33837/msj.v1i7.197

Issue

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Technical Communications